Lema

40 Anos a Desfazer Opinião

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Adeus às Armas

Vashti Bunyan termina a sua singular não-carreira em Lisboa (Teatro Maria Matos, sexta-feira, 30). Ou a ocasional honraria de se viver num dos extremos da Europa?

Depois de esfumados efémeros sonhos pop (que nem o 'songwriting' de Jagger & Richards logrou tornar realidade), a cantora inglesa aproximou-se do universo da folk. Foi na companhia de gente dos Fairport Convention e de The Incredible String Band, bem como de Robert Kirby (orquestrador de Nick Drake, de quem receberia a dimensão barroca da sua música), que gravou, em 1969, o notável 'disco de autor', "Just Another Diamond Day". Ninguém deu por nada. Naturalmente, despediu-se do ofício.

Quando mal se lembrava da infrutífera investida no mundo da música, chegou-lhe aos ouvidos que o disco recebido com imbatível frieza já dera ingresso na categoria de objectos 'de culto'. Mais: que já surgia, então, anos 90, em plataformas da net cotado na casa dos 2000 dólares. Ninguém, no seu perfeito juízo, iria recear que o aproveitamento de tão inesperada conjuntura fosse tomada por manifestação de ganância. Daí, a entrada da 'mítica' peça perdida no mercado do CD, seguida, acto contínuo (2005), da prova -num segundo disco- do alento insuflado pela viragem do sentido dos ventos no espírito 'missing-in-(in)action'.

Porque a (desinteressante) descendência estética da intérprete de "Some Things Just Stick In Your Mind" (1965) tem mantido alta a cotação do seu nome, porque a crítica -por fim- lhe fez justiça mas sobretudo porque assim lho ditou a vontade, Vashti ganhou coragem para um derradeiro disco. E, como já o sugeria a escolha de 2015 para a respectiva edição, teve esta como complemento a série de concertos que põe termo a uma insólita relação com a música aos 70 anos de idade da autora. A memória. ainda agora, não saíu do adro.

5 comentários:

  1. Comprei o disco há uma carrada de anos numa HMV... Confesso que, para mim, "envelheceu mal". Em paralelo o único outro disco que a Spinney reeditou na altura (antes de falir), o disco homónimo do Barry Dransfield ficou para sempre no meu coração. Conhece-o?

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  2. Não, não conheço. Quanto às marcas do tempo, este pode ser um caso -não creio que seja tanto assim- algo marcado por uma 'produção de época'. Já no concerto, a frescura e a simplicidade da música -mesmo a de 70- chega a ser de pasmar.

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  3. O disco é este:

    http://www.discogs.com/Barry-Dransfield-Barry-Dransfield/master/373152

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    1. Obrigado. Ouvirei, assim que puder, e logo lhe digo que me pareceu. Um abraço

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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