Lema

40 Anos a Desfazer Opinião

sábado, 22 de agosto de 2015

Um Quiçá Caetano

"O baiano (Marighella) morreu estava eu no exílio/E mandei um recado: que eu tinha morrido/E que ele estava vivo, mas ninguém entendia/Vida sem utopia, não entendo que exista/Assim fala um comunista/Porém, a raça humana segue trágica sempre". Dir-se-ia que esta não é para qualquer um; mas não chega. Se já se sabia que Caetano Veloso era um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa, esqueça-se, por momentos, o maravilhoso sentido lúdico dessa constante 'oxigenação fonética e semântica' e atente-se na espessura dramática do escritor.
Há muito tempo -talvez desde o longínquo (no tempo) "Estrangeiro"- que Caetano não se aplicava assim para que essa sua (menos cantada) veia voltasse a adquirir visibilidade. Esta evocação de quem deu a vida por um ideal, exclusivamente alimentada pela admiração e pelo respeito pelo semelhante, deita por terra trivialidades (de hoje) como a afinidade ideológica. Mas sobretudo vale -como ouro maciço- pela coragem de mostrar tudo isto a um mundo, do qual a palavra 'ideal' foi, há muito tempo, banida.
("Um Comunista", do álbum "Abraçaço", Caetano Veloso, 2012)

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