Mudar, em si, não constitui uma virtude. Mas pode ser um acto de coragem. Sobretudo quando uma extensa carreira gera uma legião de seguidores para os quais paixão e expectativa já são conceitos de difícil separação. Tom Waits não deve ter tido tempos fáceis quando se aventurou pelos terrenos bravios de "Swordfishtrombones" e deixou mais de metade da sua 'corte' petrificada. Andy Carthy não foi tão longe; mas reconheça-se que pôr mãos à obra como se se tivesse esquecido do lugar onde viu o sampler pela última vez não é façanha de pouca monta. Ainda que o peso da electrónica-pura-e-dura possa não ser o cartão de visita ideal para a maioria, a verdade é que desse aparente abuso emana o elemento de unidade estética daquele que será o seu mais feliz registo soul-funk-jazz desde o lendário "Keep It Unreal". Não falta quem o situe entre o George Clinton pós-Parliament e os Kraftwerk 'vintage', com um 'cheirino' do Miles 'eléctrico' de permeio. Mais importante, o repertório parece uns furos acima da média. E, se assim for, a mudança valeu a pena; pela forma como a remoção do vício da linguagem terá contribuído para a sua regeneração.
Lema
40 Anos a Desfazer Opinião
terça-feira, 24 de junho de 2014
Uma Maçã Por Dia...
Mr. Scruff - Friendly Bacteria
Mudar, em si, não constitui uma virtude. Mas pode ser um acto de coragem. Sobretudo quando uma extensa carreira gera uma legião de seguidores para os quais paixão e expectativa já são conceitos de difícil separação. Tom Waits não deve ter tido tempos fáceis quando se aventurou pelos terrenos bravios de "Swordfishtrombones" e deixou mais de metade da sua 'corte' petrificada. Andy Carthy não foi tão longe; mas reconheça-se que pôr mãos à obra como se se tivesse esquecido do lugar onde viu o sampler pela última vez não é façanha de pouca monta. Ainda que o peso da electrónica-pura-e-dura possa não ser o cartão de visita ideal para a maioria, a verdade é que desse aparente abuso emana o elemento de unidade estética daquele que será o seu mais feliz registo soul-funk-jazz desde o lendário "Keep It Unreal". Não falta quem o situe entre o George Clinton pós-Parliament e os Kraftwerk 'vintage', com um 'cheirino' do Miles 'eléctrico' de permeio. Mais importante, o repertório parece uns furos acima da média. E, se assim for, a mudança valeu a pena; pela forma como a remoção do vício da linguagem terá contribuído para a sua regeneração.
Mudar, em si, não constitui uma virtude. Mas pode ser um acto de coragem. Sobretudo quando uma extensa carreira gera uma legião de seguidores para os quais paixão e expectativa já são conceitos de difícil separação. Tom Waits não deve ter tido tempos fáceis quando se aventurou pelos terrenos bravios de "Swordfishtrombones" e deixou mais de metade da sua 'corte' petrificada. Andy Carthy não foi tão longe; mas reconheça-se que pôr mãos à obra como se se tivesse esquecido do lugar onde viu o sampler pela última vez não é façanha de pouca monta. Ainda que o peso da electrónica-pura-e-dura possa não ser o cartão de visita ideal para a maioria, a verdade é que desse aparente abuso emana o elemento de unidade estética daquele que será o seu mais feliz registo soul-funk-jazz desde o lendário "Keep It Unreal". Não falta quem o situe entre o George Clinton pós-Parliament e os Kraftwerk 'vintage', com um 'cheirino' do Miles 'eléctrico' de permeio. Mais importante, o repertório parece uns furos acima da média. E, se assim for, a mudança valeu a pena; pela forma como a remoção do vício da linguagem terá contribuído para a sua regeneração.
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