The Thing From Inner Space
A QUEM POSSA DIZER RESPEITO
Dir-se-ia que o Mundo gira em torno
da Troika. E, enquanto o pensamento segue esse (essa ausência de) rumo, talvez
se note menos que a aplicação da sua política exige a existência da Tríade. A
esta não faltará zelo no cumprimento da sua função, com engenho bastante para
aproveitar a ‘boleia’ no sentido de mais eficazmente proceder aos sempre
adiados trabalhos de esterilização da atmosfera do local de trabalho.
Tem sido prática tão isenta de
consequências como discurso oficial tão repleto de intenções a reiteração do
princípio: “a culpa não deve morrer solteira”. Muito menos -está bem de se ver-
num “semanário de referência”. Que se fique, pois, a saber -de uma vez por
todas e para lá de qualquer sombra de dúvida- que não radica noutra natureza o
problema do ‘periódico’ que daquele modo aprecia ser qualificado (ou, em certos
casos, a si mesmo trata de aplicar-se o distintivo).
Não haverá ponta de exagero na
afirmação de que talvez -entre corredores e gabinetes- se descubra matéria para
que se coloque a mencionada ‘culpa’ no centro de um harém. Da menção dos nomes
-e, em concreto, da responsabilidade directa dos seus titulares na debilitação
gradual da cultura portuguesa-, ficará um espaço em branco que poucos terão
dificuldade em preencher.
Como em qualquer publicação (de
‘referência’ ou não), há um máximo responsável hierárquico, que, curiosamente,
parece ser a figura menos comprometida, no plano ideológico/cultural, com a
‘higienização’ em curso. Lugar garantido tem um notório “maquiavel de
subúrbio”, cuja sanha persecutória de longa data (a qual levou ao progressivo
desaparecimento de figuras -essas sim, de referência- que fizeram o jornal e,
inclusive, incutiram prazer no
cumprimento da norma de a palavra Expresso surgir, sempre, grafada em
maiúsculas -sanha, essa, que, nos tempos mais recentes, se traduziu na brutal e
imoral (porque isenta de aviso prévio) ‘dispensa dos serviços’ de um crítico
literário (por exclusivo mérito próprio, e não por acção de propaganda, também
ele, referência sem aspas), decerto pela intolerável demonstração de elitismo contida
na circunstância de se encontrar a par da existência de Joaquim Manuel
Magalhães, e de um crítico musical (que abaixo se assina), ao qual deve ser
apontada a sistemática contribuição para a queda dos índices de leitura e pelo
facto de cultivar o estranho hábito de cumprir a função para a qual fora
contratado 25 anos antes (criticar discos). E há a clássica figura do
recém-chegado ex-crítico e actual gestor, dotado de acentuada propensão para
ambiciosos voos de sentido ascensional.
Que as Tríades não gozam de
auto-suficiência em matéria de logística, confirmam-no as duas comprovadas
situações de conivência no interior da secção onde o agora ‘despejado’ (o nome
de João Lisboa será o único por mim apontado por nada ter que ver com a
referida malfeitoria) deu o seu melhor. E fê-lo -como os seus colegas que por
lá passaram ao longo dos anos-, por vezes, em condições de legitimidade
questionável nas frentes editorial e económica.
“40 anos a fazer opinião”? Os
leitores (igual a mas diferente de consumidores) de um ‘jornal de referência’
gostam de comprar já tudo feito? Nenhuns ‘círculos próximos da indústria do
vestuário’ vos informou de que a “era do pronto-a-vestir” conhece dias
crepusculares e que a próxima aurora pode trazer consigo o “despertar dos
alfaiates”? Quanto ao “de referência”, por vezes, nada como o silêncio.
Com o mesmo respeito que revelais
pela minha pessoa
Ricardo Saló
Parta além de um desconhecimento total em relação a si, como o farol maior da divulgação das músicas ( mais ou menos) populares, uma pulhice, uma ordinarice completa. O que é um paradoxo num jornal que se tem como de referência... Sai-se vivo é certo; mas imagino dilacerado porque o trabalho cultural que efectuou no Expresso constituiu no domínio da divulgação e da crítica, um dos melhores, senão o melhor, a favor da Música, nos últimos 40 anos no nosso País(?)...Bandidagem.
ResponderEliminarA saída do António Guerreiro e a sua saída (agora comprovada pelo contacto, via provas, do seu blog) deixa-me estupefacto. E triste. Deixou-me, estes dias, perdido à procura do tempo. E do modo. No entanto, e pur si muove.
ResponderEliminarA sua "idade" é que fez a minha opinião e que a tornou melhor. Obriga(va)-me saudavelmente a comprar o que tão bem critica(va). Obriga(va)-me a pensar e a divertir. A sua economia de meios poupava-me a tudo o resto. Conte comigo.