Lema

40 Anos a Desfazer Opinião

domingo, 28 de abril de 2013

The Thing From Inner Space



A QUEM POSSA DIZER RESPEITO

Dir-se-ia que o Mundo gira em torno da Troika. E, enquanto o pensamento segue esse (essa ausência de) rumo, talvez se note menos que a aplicação da sua política exige a existência da Tríade. A esta não faltará zelo no cumprimento da sua função, com engenho bastante para aproveitar a ‘boleia’ no sentido de mais eficazmente proceder aos sempre adiados trabalhos de esterilização da atmosfera do local de trabalho.

Tem sido prática tão isenta de consequências como discurso oficial tão repleto de intenções a reiteração do princípio: “a culpa não deve morrer solteira”. Muito menos -está bem de se ver- num “semanário de referência”. Que se fique, pois, a saber -de uma vez por todas e para lá de qualquer sombra de dúvida- que não radica noutra natureza o problema do ‘periódico’ que daquele modo aprecia ser qualificado (ou, em certos casos, a si mesmo trata de aplicar-se o distintivo).

Não haverá ponta de exagero na afirmação de que talvez -entre corredores e gabinetes- se descubra matéria para que se coloque a mencionada ‘culpa’ no centro de um harém. Da menção dos nomes -e, em concreto, da responsabilidade directa dos seus titulares na debilitação gradual da cultura portuguesa-, ficará um espaço em branco que poucos terão dificuldade em preencher.

Como em qualquer publicação (de ‘referência’ ou não), há um máximo responsável hierárquico, que, curiosamente, parece ser a figura menos comprometida, no plano ideológico/cultural, com a ‘higienização’ em curso. Lugar garantido tem um notório “maquiavel de subúrbio”, cuja sanha persecutória de longa data (a qual levou ao progressivo desaparecimento de figuras -essas sim, de referência- que fizeram o jornal e, inclusive, incutiram  prazer no cumprimento da norma de a palavra Expresso surgir, sempre, grafada em maiúsculas -sanha, essa, que, nos tempos mais recentes, se traduziu na brutal e imoral (porque isenta de aviso prévio) ‘dispensa dos serviços’ de um crítico literário (por exclusivo mérito próprio, e não por acção de propaganda, também ele, referência sem aspas), decerto pela intolerável demonstração de elitismo contida na circunstância de se encontrar a par da existência de Joaquim Manuel Magalhães, e de um crítico musical (que abaixo se assina), ao qual deve ser apontada a sistemática contribuição para a queda dos índices de leitura e pelo facto de cultivar o estranho hábito de cumprir a função para a qual fora contratado 25 anos antes (criticar discos). E há a clássica figura do recém-chegado ex-crítico e actual gestor, dotado de acentuada propensão para ambiciosos voos de sentido ascensional.

Que as Tríades não gozam de auto-suficiência em matéria de logística, confirmam-no as duas comprovadas situações de conivência no interior da secção onde o agora ‘despejado’ (o nome de João Lisboa será o único por mim apontado por nada ter que ver com a referida malfeitoria) deu o seu melhor. E fê-lo -como os seus colegas que por lá passaram ao longo dos anos-, por vezes, em condições de legitimidade questionável nas frentes editorial e económica.

“40 anos a fazer opinião”? Os leitores (igual a mas diferente de consumidores) de um ‘jornal de referência’ gostam de comprar já tudo feito? Nenhuns ‘círculos próximos da indústria do vestuário’ vos informou de que a “era do pronto-a-vestir” conhece dias crepusculares e que a próxima aurora pode trazer consigo o “despertar dos alfaiates”? Quanto ao “de referência”, por vezes, nada como o silêncio.

Com o mesmo respeito que revelais pela minha pessoa

Ricardo Saló

2 comentários:

  1. Parta além de um desconhecimento total em relação a si, como o farol maior da divulgação das músicas ( mais ou menos) populares, uma pulhice, uma ordinarice completa. O que é um paradoxo num jornal que se tem como de referência... Sai-se vivo é certo; mas imagino dilacerado porque o trabalho cultural que efectuou no Expresso constituiu no domínio da divulgação e da crítica, um dos melhores, senão o melhor, a favor da Música, nos últimos 40 anos no nosso País(?)...Bandidagem.

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  2. A saída do António Guerreiro e a sua saída (agora comprovada pelo contacto, via provas, do seu blog) deixa-me estupefacto. E triste. Deixou-me, estes dias, perdido à procura do tempo. E do modo. No entanto, e pur si muove.

    A sua "idade" é que fez a minha opinião e que a tornou melhor. Obriga(va)-me saudavelmente a comprar o que tão bem critica(va). Obriga(va)-me a pensar e a divertir. A sua economia de meios poupava-me a tudo o resto. Conte comigo.

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