Explico (e, com isto, estejam certos de que também exemplifico): gostavam de ir um dia destes, pela rua abaixo, de rádio ligado, regalando-se ao som do tema de "Verdes Anos", da autoria e na interpretação de Carlos Paredes e de, findo o tema, serem varridos -como por uma rajada de metralhadora- pela voz mais vitorianamente colocada que se possa imaginar, anunciando que estivemos ao 'wonderful sound' de "Green Acres", lado A e a mais recente composição da 'notável parceria' Plant e Page?
Começamos por abanar a telefonia, na esperança de que tenha sido um mau contacto ou escassez de potência das pilhas; em seguida, abanamos cabeça, espírito e convicções, enquanto certas impressões do passado -nunca esclarecidas- voltam para nos assombrar mas também para se deixarem banhar por uma luz que não conheciam (a da Verdade); e, por fim, caímos, na realidade, e ouvimos a canção que mais e melhor aprenderamos a amar, do suposto 'cancioneiro' de Robert Plant e Jimmy Page, gravada, ainda antes, de haver, sequer, Yardbirds, naquilo que a voz de Joan Baez já espalhava por onde quer que fosse como a sua prova pessoal de suprema admiração por uma bela canção escrita por outrem, no final dos anos 50.
Volvido muito pouco tempo, já dispomos de provas irrefutáveis -porque todas elas documentadas- de que 9 de cada 10 peças assinadas por Plant & Page são outros tantos tristes exercícios na Arte do Furto, aos quais apenas os músicos defendidos, à partida, por fortes e/ou experientes advogados, lograram escapar. Um dia, quando ainda acordamos a pensar "que raio de pesadelo havia de ter esta noite" e -café da manhã já tomado- compreendemos que nenhum outro sonho tivemos que o de nova 'goleada' sobre o 'clube rival de sempre', alguém nos recomenda que vejamos os diversos documentários disponíveis no YouTube sobre a matéria: os Led Zeppelin como 'rip-off artists'. Ver um, apenas, chega para arrumar o assunto de vez e, de caminho, compreender a falsidade hipócrita e despudorada 'das lágrimas' dos visados durante a recente homenagem a "Stairway To Heaven", um 'servicinho' perfeito e completo, ao qual nem a 'genial' introdução escapou.
Fico muito feliz por que Page só agora tenha reparado na guitarra portuguesa (cujas variedade e riqueza de desenlaces musicais- mais tarde ou mais cedo- poderão valer-lhe a cobiçada distinção de 'Património Imaterial da Humanidade'). Se as pessoas que apreciam os seus dotes artísticos tiverem a coragem necessária de ver um só desses documentários e souberem evitar o tradicional 'esconder a cabeça na areia', talvez tenhamos aprendido a viver num mundo mais verdadeiro, sem qualquer sacrifício de prazer: gostamos tanto de música como outrora, com a 'ligeira' diferença de que saberemos 'chamar os boys pelos nomes', o que implica saber quem deve ser felicitado e a quem -episodicamente- deveremos reconhecer capacidades de transformação da identidade estética do 'bem objecto de saque'.
Continuo a gostar muito dos Led Zep: melhor 'cover band' da História da música popular da Idade Moderna.
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