Lema

40 Anos a Desfazer Opinião

sábado, 14 de setembro de 2013

4.

12 comentários:

  1. Já a tinhas passado no programa. Que álbum dela recomendas?

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    1. André: nunca a toquei no programa, embora este álbum vá passar por lá. Na verdade, foi uma figura que menosprezei, até ao dia em que descobri este disco. Possui aquela qualidade a que os anglófonos chamam 'otherworldliness', a qual não se percebe logo que vem do singular tratamento final da matéria-prima e não tanto de qualquer vertigem experimentalista (que está lá...). Julgo que o disco a seguir também é muito recomendável; mas teria, agora, que ir confirmar o nome para garantir que é, mesmo, o 2º. Embora as coordenadas sejam diferentes, a mesma sensação insólita recebo do álbum de estreia de Joni Mitchell, produzido por David Crosby. Em teoria, é um disco de 'canções de autor'; na prática é um mundo virtual (repleto de cantos polifónicos e outras 'excentricidades') muito maior que o que rodeava a sua criadora.

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    2. Muito obrigado pelas explicações. Ia jurar que tinha andado à procura da referência de uma música do programa e tropeçado no nome dela... Mas devo ter confundido com a Eva Marie Saint ;)

      Obrigado também ao Al pela resposta pronta.

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  2. olá, a pergunta não era para mim, mas "Illuminations", álbum onde está esta música e obra prima absoluta.

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    1. Não podia estar mais de acordo, amigo Al ('you can call me Al', não é verdade?). Perante um disco deste calibre, qualquer exercício de catalogação soa ridículo e tem um efeito, irremediavelmente, redutor. Mas não resisto a confessar que -quando da primeira audição- ia jurar que folk, canção, psicadelismo, bruitage e vanguarda tinham marcado encontro para tomar um café num recanto discreto do centro criativo de uma mulher que apenas queria gravar um disco. Já agora, e para não ir a sítios mais inesperados onde há jazidas de ouro onde se julgaria só haver lixo, não posso deixar de fazer uma chamada de atenção para uma cantora absolutamente extraordinária, desta mesma época (por volta de 1970), chamada Judy Henske. Dela, só se conhecia cá um belo disco gravado com um ex-elemento dos Lovin' Spoonful (Jerry Yester, talvez); mas os dois primeiros álbuns dela a solo (Judy Henske e, sobretudo, High Flying Bird) são notáveis. O segundo, então, possui uma qualidade singular que o aproxima muito daquilo de que aqui temos estado a falar. Um abraço

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  3. Caro Ricardo Saló,
    100% de acordo. Tb tenho e prezo muito os discos da July Henske de que fala, e sim, com o Jerry Yester um disco, esse tb, um disco incatalogável, mas que a meu ver ainda bastante distante do disco da Buffy Sainte Marie.

    re: André Dias, penso que te referes à Evie Sands, não?

    http://www.youtube.com/watch?v=bFW0wO3fAFw

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  4. Para além disso, e ainda:
    a Buffy Saint Marie tem umas covers bastante boas da Joni Mitchell, e num dos discos de compilação do Jack Nietzsche, há uma versão da Helpless dela, com os Crazy Horse como banda. A BFS foi casada com o Jack Nietzsche.

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    1. Tenho essa compilação e estou de acordo com a apreciação, mas desconhecia que eles tinham sido casados... Está-se sempre a aprender e ainda bem. Obrigado e um abraço.
      Ao André, eu diria que -do meu ponto de vista e depois de ter 'sobrevoado' a sua discografia- "My Way" (disco de estreia, 1964), "Little Wheel Spin And Spin" (66), "She Used To Wanna Be A Ballerina" (71) e "Moon Shot" (72) são os discos mais merecedores de uma investigação, numa trajectória da folk para o folk-rock marcada por uma nota de diferença nem sempre fácil de traduzir em palavras.

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  5. Já agora... Bruce Palmer, The Cycle is Complete? Anyone?

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  6. Al: o disco de Bruce Palmer (o elemento menos mediático dos Buffalo Springfield, de Stephen Stills e Neil Young) é, literalmente, uma peça única (quando muito, parente afastado de If I Could Only Remember My Name, de David Crosby) e, por essa sua discrição num 'circo de estrelas' (a expressão não é depreciativa), a obra-prima mais inesperada das 'franjas' da música pop da época. Na mesma óptica, apesar de nascido nas 'vizinhanças' do jazz, idêntica atenção merece o álbum de Shuggie Otis imediatamente anterior ao célebre Inspiration Information (a última faixa da reedição deste álbum pela Luaka Bop termina com um hipnótico exercício de 'jazz espiritual', Freedom Flight, oriundo desse disco). Já agora, e para quem se deixe 'cair na rede' de Shuggie Otis (filho sobredotado de um músico mediano, Johnny Otis), uma chamada de atenção para a sua participação, como baixista, em Hot Rats -talvez o melhor Zappa da viragem doa anos 60 para os anos 70. Há um segundo volume (já sem Otis), chamado Waka Jawaka, também merecedor de atenção e que talvez represente o momento em que Zappa mais se aproximou do Miles eléctrico.

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  7. Sim ao(s) Ottis. Com o Zappa nunca consegui atinar.
    Sou mais uma pessoa Bonzo Dog Doo-Dah Band. O coração acima da técnica.

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  8. De novo, inteiramente de acordo, Al. Reconheço, no Zappa do início, um grande compositor, que tratou de anular qualquer hipótese de cativar o melómano mais exigente, pelo seu sistemático recurso ao humor/chacota, envenenado pela insuportável arrogância de quem se considera a pessoa mais inteligente da galáxia, roadeada de gente vulgar por todos os lados. Daí que preze, aprecie e respeite as suas escassas aventuras de sentido colectivo (enquanto 'obras' como Shut Up And Play The Guitar não passam de 'lixo de luxo') e uma única incursão (tardia) pela electrónica: Jazz From Hell (1986). Daí que alimente, também, a ideia de que Zappa forma com -noutra forma de expressão- Lars von Trier a trágica dupla de potenciais estetas de primeira grandeza, os quais -por razões, decerto, do foro psiquiátrico e de recorte patológico (assumidas, até, pelo segundo)- trataram de destruir o fruto do seu génio, como uma criança detrói os seus brinquedos.

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