Terminou, há instantes, a reunião extraordinária (alguém achou que já chegava de 'reuniões ordinárias'...) do Conselho de Ministros. Como já circulava pelos corredores de São Bento, o Hino Nacional conhecido como "A Portuguesa" fica, temporariamente, suspenso até que as condições atmosféricas (e o próprio poder político) regressem à normalidade. Convidado a participar no encontro, na reconhecida qualidade de especialista da matéria (aptidão que soma, com indisfarçável orgulho, á de profundo conhecedor dos malefícios do consumo de tabaco na saúde, como seria de esperar de um ex-consumidor de dois maços diários), o Director-Geral de Saúde manifestou a forte convicção de que o referido canto pátrio contém algumas passagens, deveras, inoportunas, porquanto susceptíveis de inflamar corpo e espírito. A título de exemplos, apontou a estrutura em crescendo que deve presidir à sua correcta entoação e -na esfera já do paradigma- a dramática sequência final, a qual se estende desde o apelo às armas até à ordem categórica para carregar, em acelerado ritmo de marcha -de propósitos sanguinários, segundo algumas forças da oposição-, sobre o inimigo. Ficou assim, posto de parte, o cenário ventilado (reparai, por favor, na felicidade da escolha do adjectivo) por um elemento do executivo. Proposta derrotada por um só voto de diferença. Ouçamos e muita coisa ficará mais clara aos olhos de todos.
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